WHEN WE SAY GOODBYE

QUEM FOI ADOLESCENTE NOS ANOS 80, se lembra bem do Eurythmics e suas musiquinhas açucaradas, de sua vocalista com cabelo blondor número 3000, magérrima, com ares de modelo. Aqui está Annie Lennox, a tal vocalista, mais madura, cantando essa bela canção de Cole Porter – Everytime we say goodbye



É uma canção para mestres – difícil de cantar, sobre a qual é possível um arranjo mais pop ou jazzistico e até mesmo sob um acompanhamento ao piano e uma performance vocal mais lírica. "Everytime we say goodbye" foi primeiro apresentada em 1944 no musical "Seven Lively Arts".

O clip e a gravação de Lennox fizeram parte de um projeto chamado Red Hot And Blue só com canções de Cole Porter com o objetivo de reunir fundos para a campanha contra AIDS, acho que em 1995.

Acho tocante a interpretação de Lennox aqui – e o vídeo com essas imagens de infância, que ficamos perguntando se são da própria cantora. Essa luz de projetor – o que fica depois de um adeus.

É bom ter uma canção que diga isso – um adeus.

Dizem alguns estudiosos da musica de Porter que o final dessa canção traz uma ambiguidade: from major to minor, significa, na verdade, o que de grande fica pequeno depois de uma noite de amor...


but how strange the change from major to minor
mas que estranha a mudança de maior para menor,
Everytime we say goodbye.
Sempre que dizemos adeus


Mas geralmente se considera a referência ao acorde musical, que também é major e minor, e que ocorre nessa parte da música. Esse artifício era mesmo uma marca de Cole Porter – por exemplo, em “I get a kick out of you”, há também uma ligação entre a partitura e o que se está dizendo. Na parte : “flying too high with some gal in the sky is my idea of nothing to do” – o cantor tem que guardar o ar para subir, subir, subir de tom enquanto diz “voando alto com minha garota para o céu, é a minha ideia de nada fazer”. Voa-se alto na letra e na voz... Como aqui, com Frank Sinatra:



Sendo imaginação maldosa ou uma mensagem codificada de Cole Porter, não importa. Porter era um major genius, e sua canção faz parte da minha vida.

Mas a Nina Simone... Essa é outra história. Sua interpretação é mais dramática, contrasta da versão ainda meio pop de Lennox.

Nina Simone em "Everytime we say goodbye" é uma coisa sem palavras, vamos só ouvir:



Não poderia deixar de citar a Ella Fitzgerald. Meu lado abusado de diretora de cena acharia horrível esse lenço de chifon branco que ela segura para enxugar o suor. Isso não deve ser feito no palco, mas... sendo Ella Fitzgerald tudo fica mesmo perfeito e na medida. Que lencinho lindo! Aqui ela está ao vivo em um espetáculo gravado para a TV Centre, de Londres, em 8 de maio de 1965. Ella canta 'Manhattan' e depois 'Every Time We Say Goodbye' – juntamente ao The Johnnie Spence Orchestra, com o sax de Tubby Hayes e o The Tommy Flanagan Trio. E o lenço branco não tem a menor importância. Nem o vejo.


Everytime we say goodbye, I die a little,
Toda vez que dizemos adeus, eu morro um pouquinho
Everytime we say goodbye, I wonder why a little,
Toda vez que dizemos adeus, eu me pergunto o porquê
Why the gods above me, who must be in the know.
Por que os deuses do céu, que devem saber tudo,

Think so little of me, they allow you to go.
pensam tão pouco em mim e permitem que você se vá

When you´re near, theres such an air of spring about it,
Quando você está por perto, há um ar de primavera ao redor
I can hear a lark somewhere, begin to sing about it,
Eu consigo ouvir uma cotovia que em algum lugar começa a cantar
There´s no love song finer,
Não há canção de amor mais bela

but how strange the change from major to minor
mas que estranha a mudança de maior para menor,

Everytime we say goodbye.
Sempre que dizemos adeus




É difícil mesmo.

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