A jovem Susan Sontag
O recém-lançado Reborn - Journals and Notebooks - 1947-1963 - editado por David Rieff (Farrar, Straus & Giroux. $25) reúne anotações íntimas de diários e textos publicados em jornais por Susan Sontag em seu início de carreira.
Talvez pela intimidade e imaturidade dos escritos, não quisesse a escritora que seus textos fossem reunidos em livro - assim nos revela o editor da obra, David Rieff, que também é filho de Sontag.
Mas se ela mesma não os publicou em livro, por que os doou à Universidade da Califórnia, sem nenhuma restrição prévia para sua divulgação? Ou melhor, por que não os queimou como fazia Machado de Assis?
O editor David Rieff justifica o projeto: se ele não fizesse o livro, alguém poderia fazê-lo.
Boa justificativa. Na verdade, David Rieff revelou um legado que é uma certa contribuição à imagem pública de Sontag, que faleceu em 2004 vítima de câncer.
Talvez tenha sido esse o projeto da escritora quando doou seu material ao acervo público de uma universidade.
O resultado foi um livro que registra a mistura de dor e ambição de uma jovem escritora, como o editor-filho avalia.
Susan que casou-se aos 17 anos com Philip Rieff, seu professor na universidade, e depois de separar-se, anota sobre o casamento: "É uma instituição comprometida com a estupidez dos sentimentos. O tema principal do casamento é a repetição." ( "It is an institution committed to the dulling of feelings. The whole point of marriage is repetition.").Há também menção a dois casos homossexuais: um identificado somente como H., em Paris, e outro com a dramaturga Maria Irene Fornes.
Sobre viver, ela escreve: "Eu vivo minha vida como um espetáculo para mim mesma, para minha própria construção. Eu vivo minha vida, mas não vivo nela" ("I live my life as a spectacle for myself, for my own edification. I live my life but I don't live in it.")
Viveu e quis que a vivêssemos. Linda e em construção.
Fonte: RICHARD EDER, Young Sontag: Intellectual in Training. The New York Times, Books of The Times, January 1, 2009