cartas de amor, naturalmente ridículas
Woman reading a letter - Johannes Vermeer, 1663. |
Ridículas, arrependidas, poéticas, apelativas, saudosas, frias, desesperadas – muitos seriam os adjetivos a qualificar esses textos, matérias desejosas de um certo alívio, de um acerto nos desajustes, reveladoras das revoluções que nos provocam as paixões. Talvez matéria de literatura, como o conto de Machado de Assis, Dona Paula. Talvez matéria do qual somos feitos, irremediavelmente. Mas por que escrevemos nessas horas?O que poderíamos saber de uma pessoa pelo que ela escreve de seu modo mais livre ao ser amado?
Machado de Assis, por exemplo. Não o vimos, não sabemos do jeito corporal, dos gestos, do tom da voz. Só imaginamos. Mas o que diríamos de Machado, ao lermos essas cartas para sua amada Carolina, ainda em tempo de namoro? Bobinhas, inocentes, docinhas... Machado de Assis então se transforma em "Machadinho". Confessando amores, cotidianos, ansiedades pela carta que demora chegar. Entre 1868 ou 1869, Machadinho escrevia para Carola:
RJ, 2 mar.Minha querida C.Recebi ontem duas cartas tuas, depois de dous dias de espera. Calcula o prazer que tive, como as li, reli e beijei! A m.ª tristeza em converteu se em súbita alegria. Eu estava tão aflito por ter notícias tuas que saí do Diário a 1 hora para ir à casa e com efeito encontrei as duas cartas, uma da quais devera ter vindo antes, mas que, sem dúvida, por causa do correio, foi demorada. Também ontem deves ter recebido duas cartas minhas; uma delas, a que foi escrita no sábado, levei-a no domingo às 8 horas ao correio, sem lembrar-me (perdoa-me!) que ao domingo a barca sai às 6 horas da manhã. Às quatro horas levei a outra carta e ambas devem ter seguido ontem na barca das duas horas da tarde. Deste modo, não fui eu só quem sofreu com demora de cartas. Calculo a tua aflição pela minha, e estou que será a última. Eu já tinha ouvido cá que o M. alugara a casa das Laranjeiras, mas o que não sabia era que se projetava essa viagem a Juiz de Fora. Creio, como tu, que os ares não fazem nada ao F.; mas compreendo também que não é possível dar simplesmente essa razão. No entanto, lembras perfeitamente que a mudança para outra casa cá no Rio seria excelente para todos nós. O F. falou-me nisso uma vez e é quanto basta para que se trate disto. A casa há de encontrar-se, porque empenha-se nisto o meu coração. Creio, porém, que é melhor conversar outra vez com o F. no sábado e ser autorizado positivamente por ele. Ainda assim, temos tempo de sobra: 23 dias; é quanto basta para que o amor faça um milagre, quanto mais isto que não é milagre nenhum. Vais dizer naturalmente que eu condescendo sempre contigo. Por que não? Sofreste tanto que até perdeste a consciência do teu império; estás pronta a obedecer; admiras-te de seres obedecida. Não te admires, é cousa muito natural; és tão dócil como eu; a razão fala em nós ambos. Pedes-me cousas tão justas, que eu nem teria pretexto de te recusar se quisesse recusar-te alguma cousa, e não quero. A mudança de Petrópolis para cá é uma necessidade; os ares não fazem bem ao F., e a casa aí é um verdadeiro perigo para quem lá mora. Se estivesses cá não terias tanto medo dos trovões, tu que ainda não estás bem brasileira, mas que o hás de ser espero em Deus.Acusas-me de Pouco, confiante em ti? Tens e não tens razão; confiante sou; mas, se te não contei nada é porque não valia a pena contar. A minha história passada do coração, resumem-se em dous capítulos: um amor, não correspondido; outro, correspondido. Do primeiro nada tenho que dizer; do outro não me queixo; fui eu o primeiro a rompê-lo. Não me acuses por isso; há situações que se não Prolongam sem sofrimento. Uma senhora de minha amizade obrigou-me, com Os seus conselhos, a rasgar a página desse romance sombrio; fi-lo com dor, mas sem remorso. Eis tudo.A tua pergunta natural é esta: Qual destes dous Capítulos era o da Corina? Curiosa! Era o primeiro. O que te afirmo é que dos dois o mais amado foi o segundo. Mas nem o primeiro nem o segundo se parecem nada corri o terceiro e último capítulo do meu coração. Diz a Stäel que os primeiros amores não são os mais fortes porque nascem simplesmente da necessidade de amar. Assim é comigo; mas, além dessas, há uma razão capital, e é que tu não te pareces nada com as mulheres vulgares que tenho conhecido. Espírito e coração como os teus são prendas raras; alma tão boa e tão elevada, sensibilidade tão melindrosa razão tão reta não são bens que a natureza espalhasse às mãos cheias pelo teu sexo. Tu pertences ao pequeno número de mulheres que ainda sabem amar, sentir e pensar. Como te não amaria eu ? Além disso tens para mim um dote que realça os mais: sofreste. É a ambição dizer à tua grande alma desanimada: "levanta-te, crê e ama; aqui está uma alma que te compreende e te ama também". A responsabilidade de fazer-te feliz é decerto melindrosa; mas eu aceito-a com alegria, estou que saberei desempenhar este agradável encargo.Olha, querida; também eu tenho pressentimento acerca da M.a felicidade; mas que é isto senão o justo receio de quem não foi ainda completamente feliz? Obrigado pela que me mandaste; dei-lhe dous beijos como se fosse em ti mesma, pois que apesar de seca e sem perfume, trouxe-me ela um pouco de tua alma. Sábado é o dia de minha ida; faltam poucos dias e está tão longe! Mas que fazer? A resignação é necessária para quem está à porta do paraíso; não afrontemos o destino que é tão bom conosco.Volto à questão da casa; manda-me dizer se aprovas o que te disse acima, isto é, se achas melhor conversar outra vez com o F. e ficar autorizado por ele, a fim de não parece ao M. que eu tomo uma intervenção incompetente nos negócios de sua família. Por ora, precisamos de todas estas precauções. Depois... depois, querida, queimaremos o mundo, por que só é verdadeiramente senhor do mundo quem está acima das suas glórias fofas e das suas ambições estéreis. Estamos ambos neste caso; amamo-nos; e eu vivo e morro por ti. Escreve-me e crê no coração do teu MACHADINHO.
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RJ, 2 mar.Minha Carola.Já a esta hora deves ter em mão a carta que te mande hoje mesmo, em resposta às duas que ontem recebi. Nela foi explicada a razão de não teres carta no domingo; deves ter recebido duas na segunda feira. Queres saber o que fiz no domingo? Trabalhei e estive em casa. Saudades de minha C., tive-as como podes imaginar, e mais ainda, estive aflito, como te contei, por não ter tido cartas tuas durante dous dias. Afirmo-te que foi um dos mais tristes que tenho passado. Para imaginares a minha aflição, basta ver que cheguei a suspeitar oposição do F. como te referi numa das minhas últimas cartas. Era mais do que uma injustiça, era uma tolice. Vê lá: justamente quando eu estava a criar estes castelos no ar, o bom F. conversava a meu respeito com a A. e parecia aprovar as minhas intenções (perdão, as nossas intenções.) Não era de esperar outra cousa do F.; foi sempre amigo meu, amigo verdadeiro, dos poucos que, no meu coração tem sobrevivido às circunstâncias e ao tempo. Deus lhe conserve os dias e lhes restitua a saúde para assistir à minha e à tua felicidade. Contou-me hoje o Araújo que, encontrando-se num dos carros que fazem viagem para Botafogo e Laranjeiras, com o Miguel, este lhe dissera que andava procurando casa por ter alugado a outra. Não sei se essa casa que ele procura é só para ele se para toda a família. Achei conveniente comunicar-te isto; não sei se Já sabes alguma cousa a este respeito. No entanto, espero também a tua resposta ao que te mandei dizer na carta de ontem, relativamente à mudança. Dizes que, quando lês algum livro, ouves unicamente as minhas palavras, e que eu te apareço em tudo e em toda a parte? É então certo que eu ocupo o teu pensamento e a tua vida? Já mo disseste tanta vez, e eu sempre a perguntar-te a mesma cousa, tamanha me parece esta felicidade. Pois, olha; eu queria que lesses um livro que eu acabei de ler há dias; intitula-se: A Família. Hei de comprar um exemplar para lermos em nossa casa como uma espécie Bíblia Sagrada. É um livro sério, elevado e profundo; a simples leitura dá vontade de casar.Faltam quatro dias; daqui a quatro dias terás lá a melhor carta que eu te poderei mandar, que é a minha própria pessoa, e ao mesmo tempo lerei o melhor.[.....].
(Texto de referência: Machado de Assis, Obra Completa, vol. III, Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1994. )
As cartas de Tarsila do Amaral para Luís Martins trazem um outro furor. O jornalista, com vocação para arquivos, as guardou. Mas a pintora desejava que fossem destruídas.
Tarsila conheceu o jovem Luis no ano de 1933 em um jantar que ofereceu aos escritores Jorge Amado, Dante Costa e Peregrino Júnior. Diz Martins, em sua autobiografia (Um Bom Sujeito, 1983) sobre o encontro: "Sentei-me ao lado de Tarsila. E dissipando minha timidez com o vinho, foi nessa noite que tudo começou." Começou uma relação que durou de 1933 a 1951, até quando Martins a deixou para se casar com a escritora Anna Maria, prima-irmã da pintora, depois desta ter revelado todo o caso para Tarsila. Martins com 42 anos, Tarsila com 64 e Anna Maria com 27.
Na época da separação, Tarsila passava por uma fase bem fecunda de sua carreira – sua obra estava em evidência e ela era entrevistada pela mídia. Começava a ficar conhecida pelo grande público.
Traição, escândalo em família, dores. Tarsila escreve: "Não queria mudar minha vida, mas o destino obrigou-me a isso. Aceito de cabeça baixa". Em setembro de 1952, Anna se casa com Martins. A família não aceita. Tarsila também não: "Querido, as saudades continuam. Tenho pedido a Deus que o inspire para que haja uma solução justa e humana". Anna Maria - a "louquinha da família", segundo a pintora em uma de suas cartas - temia uma relação a três, e escreve também a Luiz: "Fique com Tarsila, Luís. Ela talvez concorde em repartir você com outras".
Meu Luís querido,Ah, como estou sofrendo com tua carta! Tudo quanto você me diz, já ouvi de sua boca muitas vezes, quando você voltava de madrugada para casa... Você me diz que eu 'inadvertidamente' consenti no seu amor e que nesse dia eu o fiz 'o mais infeliz dos homens'. Ainda hoje, dizia comigo: 'Se o Luís não me tivesse negado que havia uma outra mulher na vida dele, a minha reação seria igual à que tive posteriormente, quando ela me telefonou'. Eu tinha certeza de que você não falava a sério. Tinha confiança na minha situação. São coisas do destino... Mas por que, meu Deus, por que tanto sofrimento? Ah! Se eu pudesse ser indiferente a você." (Janeiro, 1952)
Uma certa "platonice" encontramos entre Anitta Malfatti e Mario de Andrade. Em 1921, a pintora e o poeta-musicólogo iniciavam uma intensa missiva, mais da parte dela do que dele, e por quase 20 anos. Ela escrevia em papéis de diversas cores, azul, lilás, rosa, amarelo, verde, branco ou cinza, ele pouco correspondia aos apelos de Anitta: "Oh! Mário nem uma palavrinha", "Mario Mario", "Meu querido Mario", "Oh! Mario exagerado!", "Mestre Mario", "Mario muito querido" - "Saudades grandes e pequenas", "Ti voglio bene", "Um grande abraço atrapalhado", "Tua Anitinha", "Nunca me troques por mais ninguém, Amém!", "Adeus poeta tigre", "Gostei do abraço infantil, mando-te um beijinho adolescente", "Da Anita mais querida da tua vida", "Tua pequeníssima Anita", "Tua amiga do coração", "My angel boy". Mas a última carta ela assinou com um clima oposto a essas calorosas frases: "Cumprimenta Anita Malfatti", assim ela se despede em uma carta de 29 de agosto de 1940, cinco anos antes da morte do poeta.
Em 1989, 44 anos depois da morte de Mário e 25 anos depois da de Anita, essa correspondência veio a público. E estão depositadas no Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Era o amor de Anita, nunca correspondido, mas declarado por meio das cores dos papéis de carta, cobrando resposta e recíprocas, enquanto o poeta silenciava. Das 77 cartas de Anita, Mario respondeu 36. Manuel Bandeira, confidente de Mario, aconselha: "O que lhe contaram de Anita não era intriga. Ela está apaixonada por você e esperava que você se definisse." Definição malograda, Mário morreu 19 anos antes de Anita, mantendo o silêncio missivista, sem romper totalmente ou se aproximar, como a pintora desejava.
Cartas de amor, ridículas. Assim escreveu Fernando Pessoa. Sabia exatamente dessa matéria das cartas. Quando conheceu Ophelia de Queiroz, Pessoa era escriturário e tradutor. Nos intervalos, um pouco de poesia e bebidas.... Ophelia Queiroz, 19 anos, era funcionária do comércio como ele. O namoro de Pessoa com Ophelia iniciou-se em 1920, de março a novembro. A primeira carta data de 1 de março. Há nas cartas aquele tratamento infantil, meio débil. Só aos amantes é permitido infantilizar-se através de apelidos e um vocabulário específico ditos com aquela vozinha melosa quase em falsete, errando na prosódia, como um sotaque de criança que começa a falar... Meu bebê, Bem, Ném... Mozinho, Amorzinho, Pinho... Essa plêiade de sufixos “inho”. Pessoa para Ophelia escreve assim: Ophelinha, Bebê... que também é meiguinha, bombom, amorzinho, bebezinho, bonequinha, pequenina.
Ophelia muda-se com a família, o poeta retorna a Lisboa após a morte de seu padastro. E entra em crise. Em 29 de novembro de 1920, o rompimento do namoro. Pessoa escreve: "Lisboa, 29/XI/1920 - Ophelinha, Agradeço a sua carta. Ela trouxe-me pena e alívio ao mesmo tempo. Pena, porque estas coisas fazem sempre pena; alívio, porque, na verdade, a única solução é essa - o não prolongarmos mais uma situação que não tem já a justificação do amor, nem de uma parte nem de outra. Da minha, ao menos, fica uma estima profunda, uma amizade inalterável. Não me nega a Ophelinha outro tanto, não é verdade? Nem a Ophelinha, nem eu, temos culpa nisto. Só o Destino terá culpa, se o Destino fosse gente, a quem culpas se atribuíssem. O Tempo, que envelhece as faces e os cabelos, envelhece também, mas mais depressa ainda, as afeições violentas. A maioria da gente, porque é estúpida, consegue não dar por isso, e julga que ainda ama porque contraiu o hábito de se sentir a amar. Se assim não fosse, não havia gente feliz no mundo. As criaturas superiores, porém, são privadas da possibilidade dessa ilusão, porque nem podem crer que o amor dure, nem, quando o sentem acabado, se enganam tomando por ele a estima, ou a gratidão, que ele deixou. Estas coisas fazem sofrer, mas o sofrimento passa. Se a vida, que é tudo, passa por fim, como não hão de passar o amor e a dor, e todas as mais coisas, que não são mais que partes da vida? Na sua carta é injusta para comigo, mas compreendo e desculpo; decerto a escreveu com irritação, talvez mesmo com mágoa, mas a maioria da gente - homens e mulheres - escreveria, no seu caso, num tom ainda mais acerbo, e em termos ainda mais injustos. Mas a Ophelinha tem um feitio ótimo, e mesmo a sua irritação não consegue ter maldade. quando casar, se não tiver a felicidade que merece, por certo que não será sua a culpa. Quanto a mim... O amor passou. ma conservo-lhe uma afeição inalterável, e não esquecerei nunca - nunca, creia -nem a sua figurinha engraçada e os seus modos de pequenina, nem a sua ternura, a usa dedicação, a sua índole amorável. Pode ser que me engane, e que estas qualidades, que lhe atribuo, fossem uma ilusão minha; mas nem creio que fossem, nem, a terem sido, seria desprimor para mim que que as atribuísse. Não sei o que quer que lhe devolva - cartas ou que mais. Eu preferiria não lhe devolver nada, e conservar as suas cartinhas como memória viva de um passado morto, como todos os passados; como alguma coisa de comovedor numa vida, como a minha, em que o progresso nos anos é par do progresso na infelicidade e na desilusão. Peço que não faça como a gente vulgar, que é sempre reles; que não me volte a cara quando passe por si, nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor. Fiquemos, um perante o outro, como dois conhecidos desde a infância, que se amaram um pouco quando meninos, e, embora na vida adulta sigam outras afeições e outros caminhos, conservam sempre, num escaninho da alma, a memória profunda do seu amor antigo e inútil.Que isto de "outras afeições" e de "outros caminhos" é consigo, Ophelinha, e não comigo. O meu destino pertence a outra Lei, de cuja existência a Ophelinha nem sabe, e está subordinado cada vez mais a obediência a Mestres que não permitem nem perdoam. Não é necessário que compreenda isto. Basta que me conserve com carinho na sua lembrança, como eu, inalteravelmente, a conservarei na minha. Fernando 09/10/1929
Em outra época, Pessoa escreve:
Todas as cartas de amor são ridículas.Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.Também escrevi em meu tempo cartas de amor,Como as outras, ridículas.As cartas de amor, se há amor,Têm de ser ridículas.Mas, afinal,Só as criaturas que nunca escreveramCartas de amoÉ que são ridículas.Quem me dera no tempo em que escreviaSem dar por issoCartas de amor ridículas.A verdade é que hojeAs minhas memóriasDessas cartas de amorÉ que são ridículas.(Todas as palavras esdrúxulas,Como os sentimentos esdrúxulos,São naturalmente ridículas.)
Se do amar nada sobra de novo ou original além das transformações individuais - pois as histórias sempre têm o mesmo enredo - ao menos, que nos restem as cartas. Essa minha é cheia de citações sim, preguiçosa, mais uma tentativa escrever uma carta, que sei, jamais escreverei novamente. Cartas de sentimentos esdrúxulos, naturalmente ridículas. E que tentam responder a grande pergunta final: quando se escreve uma carta de amor, a quem se destina? Nunca sabemos o endereço. São textos sem destinatário. Melhor escrever poemas, que já são perdidos, inevitavelmente.
Só resta ouvir Maria Bethania... Talvez seja esse o único jeito de terminar essa carta.
Andrea Carvalho Stark, 2010