Louise Brooks, a fulana




Conheci Louise Brooks(Cherryvale,Kansas,14 de novembro de 1906 - Nova Iorque,8 de agosto de 1985) fazendo uma pesquisa para o filme "Madame Satã" de Karim Ainouz. Já conhecia Dietrich e Garbo e Louise Brooks era uma novidade totalmente diversa. Nunca assisti a um filme seu, somente trechos, mas as fotos são de uma mudez eloquente. Um mito, no típico significado do poema que Drummond escreveu. Uma fulana. Não uma fulana qualquer, mas uma fulana mitológica. Louise Brooks existiu, foi real? O que ela me diz? Nem ela saberia dizer. Existe uma exclamação na beleza, nos olhos negros profundos, no preto e branco das fotos e na eloquência desse seu cinema mudo. Mas Louise existiu sim, teve uma história,amou, foi artista, envelheceu e morreu do coração. Nos deixando essa memória de seus gestos e a sedução dessa sua postura, engendrada e fabricada talvez pela indústria do cinema hollywodiano. Mas nas fotos não se fabrica o que não se vê, ao menos nessa época. Há uma alegria, um prazer e essa beleza que desafia nossa imaginação. Como seria Louise assim, no concreto dos dias? Na vida cotidiana e comezinha? Louise é uma pergunta e um espanto porque ninguém permanece assim para sempre por um simples acaso.

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