Amamos os clássicos
O verbo estético na música se realiza no encontro entre uma partitura e um intérprete. Intérprete e compositor, como entes diversos, é um fenômeno recente que surgiu depois da ruptura entre criador e criação. Mozart criava, executava e promovia suas obras. Beethoven não aceitava nenhuma execução de sua obra a não ser por ele mesmo. Entretanto, mesmo quando o compositor executa sua própria obra, ele imprime uma linguagem diversa, em suores e energias, que não são as mesmas da criação. Os suores da criação são de outra espécie. É sempre um intérprete a singular figura quem contribui, lendo e imprimindo sua própria linguagem dentro desse universo de notas musicais numa página. Como no teatro, que também precisa de intérpretes-atores e diretores- regentes, a música se faz no específico cruzamento entre outras performances/linguagens. E quanto mais é a obra um valor, mais se beneficia desse encontro. E quanto mais se encontra, mais uma obra se torna um clássico.
Com esse brevíssimo parágrafo ganhamos um concurso das melhores respostas sobre uma pergunta que não me recordo... O importante é que ganhamos e fomos assistir a um concerto da Orquestra Sinfônica Brasileira no sábado, 6 de setembro.
Foi incrível. Acho que nunca assisti a UMA virtuose do violino, mas acabei maravilhosamente com esse tipo de virgindade musical.
Assisti a Ms Leila Josefowicz no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Leila tocou seu Beethoven com mãos mágicas. Pareciam plumas tocando cordas. Que coisa bonita que nem é possível descrever.
Foi entusiasticamente aplaudida. E eu entusiasticamente chocada.
Leila é canadense, roda o mundo, mas mora em Nova Iorque com seu filho de 7 anos. Tem 30 anos, e desde os 13, no mínimo, surpreende platéias. Além de virtuose, Leila ainda é linda. E toca feliz com um vestido em degradé de tons de azul e saltos altíssimos que faziam brilhar ainda mais a sua performance no meio dos outros músicos da orquestra, todos com seus ternos pretos...
Volte logo, Leila! Um concerto é pouco! We love you!