QUE VENHA O MAIÔ!


Fiquei pensando sobre a moça de São Bernardo do Campo que foi à faculdade com um indefectível vestido vermelho curto, aqueles que sobem enquanto se anda, e nos lembramos do início do século XX, quando publicaram essa defesa do maiô:

Ora, convenhamos afinal que o Rio não é província. Já estamos enfarados dessa civilização moral falsa e postiça criada por nossos avós. É francamente irrisório que em pleno séc. XX queiram moldar nossa norma de viver nos espelhos arcaicos e bolorentos de 1830. Temos no Rio a mais bela praia do mundo: Copacabana. E as mulheres que na rua, com uma perversidade deliciosa, nos mostram as meias... até as ligas, aparecerem-nos na praia com umas roupas de banho que quase fazem concorrência às vassouras da Limpeza Pública. Não está direito. Convenhamos... Que venham os maiôs. O maiô é mais belo. Dá mais graciosidade aos movimentos.  Torna o corpo humano mais encantador. O próprio Santo Agostinho dizia que o corpo humano é a mais bela criação de Deus. Pra que escondê-lo, pois, assim tão avaramente?Essas roupas compridas fazem mal à vista.

O texto é de Alfredo Sade publicado no jornal Beira Mar, em 1926, defendendo o uso do maiô na praia que já tinha  suas cabines para a troca de roupa. A roupa da praia era quase a da rua, é sobre isso que nosso cronista escreve.
Tudo bem que faculdade não é praia mas qualquer condenação pública de uma pessoa pelo que ela veste é muito retrocesso histórico. Se a moça quer mostrar as calçolas e as pernocas é escolha ou consequência que só pertence a ela.

Gostamos de pernas a mostra. No Rio de Janeiro, nossa praia dá um frescor à mente e a natureza é coisa linda de se ver.
Que venha o maiô!  E as louras dos vestidos micro.







Postagens mais visitadas