SOBRE BOLHAS E PÁSSAROS QUE MIGRAM

Por que é tão difícil se livrar das próprias decepções? Dessas coisas que acontecem e a gente fica jogada na marquise pensando: mas que lição eu poderia ter tirado disto? Por que foi tudo tão simples, tão do acaso, tão preparado para ser uma redenção e não foi? Por que foi um fracasso assim desse jeito? É quase constatar uma cegueira para  tudo ao redor, e um desejo enorme de esquecer vem a reboque, mas não se esquece. É utópico esquecer... E quanto mais  queremos nos livrar das lembranças, mais aparecem coisas e coisas que nos levam de volta. Uma foto na revista, por exemplo, no consultório medico, assim aberta ao acaso, que joga na cara aquela dor, aquela porcaria de dor que jamais deveria ter existido. Mas se existiu, por quê? Para quê? Para nos tornarmos mais fortes? Para aprender? Para que mais fortes se as ondas serão sempre as mesmas? Fortes e levando ao fundo, se tiver que levar.  Nada se aprende, nada. Tudo se repete.



Algo que funde dois nomes de pessoa, mas que é nenhum. Só nos resta acreditar que a paciência , mais do que o tempo, cura e sara, deixando a pele regenerada, os olhos secos, limpinhos de novo.  É tudo um enorme cansaço.

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