do lado de fora, todos os gatos são parcos
pois no meio do mar não há onda que nos leve
mas como começar se já sabemos o fim? Não importa, comecemos contrariando óbvios finais ou começos
parecia o fim mas era só o início
e assim fez... jogou-me, arrastando-me pelos cabelos, como vingança ou prazer, até eu tornar-me ela, em um só corpo e instinto
e eu jurava pra mim mesma: vou me manter clara e forte pois sei dela, só ela vai mesmo me jogar na lama. ..
era uma ameaça, mas eu achei sincero e deixei-me comover. Aí aconteceu o que não deveria, mas sempre acontece, apaixonei -me.
vou me manter alta, robusta, limpa e clara, mesmo se você me jogar na lama. Gritou ela para mim, mostrando os fios de carne entre os dentes
faço pouco por uma memória e tudo por um esquecimento
eu sou minha gata Maria, que rolou escadas, bateu cabeça, esqueceu onde ia, fechou a porta sem querer e amargou uma noite fria...
como se absolutamente nada, nada, nada houvera
e me entrega seus mapas e bússulas antes de se mandar porta a fora, rua adentro, peito exposto,
e ela me conta suas dores, amores e doenças que a ninguém mais confessa
... e a gata, irresistível, continua a dançar seu corpo macio sobre meus pés cascudos...
do lado de fora, todos os gatos são parcos