A VITROLINHA, CLARICE LISPECTOR E O NAPSTER



HOJE vi uma VITROLA à venda por 850 reais numa lojinha de coisas fofas na rua Sete de Setembro. Uma vitrola  vai me possibilitar ouvir o DISCO ( também conhecido como vinil ou LP ou bolacha pros mais antigos... ) de 78 rotações que minha mãe gravou quando era cantora de rádio em 1960. E também tem 45 e 33 rotações, o que vai me fazer ouvir outras coisas antigas que tenho aqui, salvas a cada mudança de casa, pois eu fui jogando fora os discos pra aliviar o peso das caixas... Salvei: um disco do SILVIO CALDAS num show inédito gravado ao vivo  na Rádio Nacional, em 1973, com o regional do Canhoto, uma caixa com  quatro discos  da obra de Villa Lobos,  que tem a BIDU SAYÃO cantando,   e os discos dos Mutantes e uns do Hermeto, uns da Berliner Philamorniker e mais umas coisas do ABBA e do JOHNNY MATHIS (alguém conhece esse aí?), umas trilhas de novela - o ANJO MAU, ROQUE SANTEIRO, e outras coisas. A Vitrola também toca CD e cassete, então, vou ouvir um CASSETE que tenho com a ANOUK AIMEE interpretando o texto da Clarice Lispector, em tradução para o francês, LA PASSION SELON G.H. 

A indústria fonográfica depois de cometer o MICO do século dizimando o VINIL, agora tenta ressuscitá-lo. Com a crescente velocidade de transmissão de dados pela Internet nos últimos 15 anos, coisa imprevisível quando surgiu o CD, a troca de música se intensificou, as vendas cairam, na mesma medida em que ALTOS executivos perderam seus ALTOS cargos.

Tudo é indústria, tudo é comércio, tudo é dinheiro. Ou será tudo amor ou sexo? Pois me disseram que o NAPSTER, o primeiro grande boom de compartilhamento de músicas pela internet, surgiu depois que um rapaz, querendo fazer charme a uma moça mandando músicas pra ela, decodificou digitalmente um CD e soltou as músicas e as botou na rede. Depois disso, só história que todos vocês já sabem. Se ele ficou ou não com a moça , eu não sei. Se não ficou, foi uma tremenda injustiça.  

Como não sou esse tudo, e pouco me interessa a indústria e seus altos executivos, sou toda a música que vou ouvir chiadinha do jeito bem antigo. Vou assim ouvindo algumas outras coisas que a digitalização não soube preservar, principalmente nos clássicos. Sem abandonar meu IPOD que me dá trozentas mil músicas aleatórias e eu gosto disso também. 

Gosto da vitrola. Confesso. 

Mas é bem mais bonita a vitrolinha, naquela estrutura de madeira, do que aqueles aparelhos de som preto, cheios de luz e potência de milhões de decibéis.

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