HOTEL DES SENS

O FOLHETINISTA e seu contingente estiveram na Sala Vianinha da Escola de Comunicação da UFRJ, no dia 28 de outubro de 2009, para assistir à "performance com desafio" intitulada "Hotel des Sens", tradução cênica de Alessandra Vannucci para o poema homônimo de autoria de P. Fournel e Jacques Roubaud, sob a ilustre presença do autor francês, o Sr Roubaud, na plateia. A apresentação, além de abrir a Mostra de Teatro da UFRJ, era parte da programação do evento "OLiPo+ OpLePo + OBLiPo:o jogo da literatura", responsável por trazer o autor.

De monóculos e câmera digital (essa maravilhosa invenção do tempo presente) apreciamos o ator Julio Adrião, a bailarina Paula Águas e o músico Leonardo Fuks no improviso criativo a partir do poema francês, constituído por três séries que representavam quartos de um Hotel. A cada quarto, um desafio, um improviso, com uma dessas bailarinas cujo corpo fala eloquente. Uma dança em cada "quarto" físico, um imaginário proposto, uma narrativa sugerida coletivamente para cada quarto poético, pelos desenhos projetados dos artistas do OuPeinPo – Ouvroir de Peinture Potentielle e pelas propostas dos espectadores que foram convidados a intervir.


Uma diretora italiana com um texto francês, quase nos sentimos de volta a nosso tempo, de óperas francesas e italianas concorrendo pelo público... Bem, mas aqui estamos e gostamos muito do que assistimos ali. Entretanto faríamos algumas ressalvas: aproveitaríamos mais o ator Julio Adrião, deixaríamos ele sem o confinamento do personagem narrador, lhe tiraríamos o microfone, o terno e a estante. E do músico Leonardo Fuks, tiraríamos também algo, não seus instrumentos funcionais e absurdamente criativos que causariam o maior espanto no Maestro João Victor Ribas - esqueceríamos nossa devoção ao maestro. Tiraríamos aquela blusinha de cores verde e vermelho, colocaríamos um preto no lugar do verde, mais pelo encontro harmonioso das cores do que por qualquer outra paixão popular que desconhecemos pois, como os senhores sabem, nós viemos do ano de 1867, e só conhecemos a ópera italiana como a verdadeira paixão, digamos, "popular". 

Quem fez "Hotel des sens" está na listinha a seguir. Gostamos assim, de dar nome aos bodes - bodes sim, pois é algo mais próprio do teatro (que nos perdoem os bois e as vacas): ator – Julio Adrião; bailarina – Paula Aguas; música — Leonardo Fuks; vídeo – João Gioia; sonoplastia – Rodrigo Oliveira; direção – Alessandra Vannucci; tradução – Maria Clara Carneiro;desenhos - Tristan Bastit, Jacques Carelman, Thieri Foulc,Olivier O. Olivier, Brian Reffin Smith, Jack Vanarsky; uma parceria entre França.BR2009, UFRJ e Leões de Circo.


Amigo leitor, amiga leitora, é uma pena que tenha sido só uma vez esse "Hotel des Sens". Quem viu, gostou. Quem não viu, quem sabe no próximo século?


Depois de termos apreciado tantas vezes no Ginásio o drama  "Aimèe ou o assassino por amor", chegar a esse "Hotel des Sens" assim, despretensiosamente, é um salto em nossa sensibilidade. Acho que estamos apaixonados por esse tal de teatro contemporâneo.


Bonjour!