O MOSQUITO SOBREVIVE...

Veja isso. Saiu da maravilhosa pena de Angelo Agostini. É a capa da Revista Illustrada, nº 429, de 1886:

Quintino Bocaiúva pinta um doente de febre amarela, enquanto os poderes públicos - as vacas da cena - vêem tudo como em uma exposição das mazelas de um povo. Diz Agostini no rodapé:

"O ilustre colega Quintino Bocaiúva, irritado de ver quão perniciosa é a febre amarela para o país, pinta este com as mais negras cores, as da escravidão!O quadro é dedicado aos poderes públicos mas esses olham para ele como se fora para o palácio!"



A Revista Illustrada foi uma publicação satírica fundada no Rio de Janeiro em 1876 por Angelo Agostini, que nasceu na Itália em 1843 e chegou por aqui aos 10 anos de idade com sua mamãe cantora lírica chamada Rachel Almeida.

Agostini se afastou da Ilustrada em 1889, não por causa da proclamação da República, mas porque fugiu com uma de suas alunas - a jovem Abigail de Andrade. Uma artista promissora na época.

O relacionamento extraconjugal, a gravidez de Abigail e o nascimento de sua filha - Angelina - que também se tornaria artista plástica - fizeram a turma se mudar para Paris.

Dez anos depois, seu filho recém nascido Angelo e a sua esposa Abigail faleceram em decorrência de um parto difícil. Angelo Agostini volta ao Rio de Janeiro com a filha e acaba tornando-se empregado da revista que ele mesmo criara.

A Revista Illustrada é pioneira na publicação de histórias em quadrinhos. Em 1884, As Aventuras de Zé Caipora foi a primeira HQ publicada no Brasil.

Angelo Agostini morreu em 1910.
Angelina, sua filha, em 1973.
Quintino Bocaiúva em 1912.
A Ilustrada em 1898.

Mas o mosquito não, ele continua o mesmo... mesmo. O poder público também. Boa dupla. Uma coisa meio "Highlander" ou "O Predador" ou algum outro personagem ridículo que valha a comparação.

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