D´APRÉS DRUMMOND E SUAS RETINAS FATIGADAS



 ... no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. ...(Carlos Drummond de Andrade)
Acabei de ter as pupilas dilatadas. As retinas, apesar de fatigadas, ainda estão inteiras. Estou dando um tempo para sair e a luz não entrar feito faca e me cortar até a alma. A pupila é um fltro. A Dra: retinas inteiras, só fatigadas, olhe ali e e leia...E eu: 33, 33? E ela: você não é o Manuel Bandeira. Retinas fatigadas, doutora? Sim, mas você também não é um poema do Drummond apesar dessas pedras no seu caminho. Saí do consultório pensando: e agora, José? Bem, estou bem. Acho que vou implantar uma lente cache, coisa francesa, para remendar a miopia. Coisa nova que bota e tira ,se eu me arrepender. Podiam inventar uma lente cache de alma pra ver se me enxergo melhor. 33, 33. Vou dançar um tango argentino.

Ótica em 1860 no Rio de Janeiro. Devia ser difícil não enxergar bem nesse século. 

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